Sensores de alta sensibilidade começaram a ser utilizados no offshore brasileiro para otimizar e reduzir riscos com monitoramento de Proteção Catódica em águas profundas.
Por Svenn Magne Wigen, Gerente de Vendas, Gestão de Integridade de Ativos, FORCE Technology AS
Com a Petrobras assumindo um papel de liderança no desenvolvimento das tecnologias necessárias para perfuração em águas profundas, o Brasil é hoje reconhecido como uma região importante para a aplicação de soluções inovadoras voltadas para a otimização e redução do custo de instalação e manutenção de infraestruturas subsea complexas.
No entanto, as águas profundas brasileiras ainda apresentam desafios, incluindo a necessidade contínua de reduzir os custos de manutenção. Um aspecto significativo disso é o cuidado com a Proteção Catódica (CP), utilizada para proteger estruturas subaquáticas contra corrosão. É aqui que a tecnologia FiGS® (Sensor de Gradiente de Campo) mencionada no artigo da conferência ROG.e, “ Utilisation of Highly Sensitive Field Gradient Sensor for Optimisation of Cathodic Protection Life Extension “, se torna relevante.
Desenvolvido pela FORCE Technology, o FiGS® é uma atualização significativa em relação aos métodos tradicionais usados para medir o status dos sistemas de CP. Técnicas convencionais de monitoramento e inspeção normalmente envolvem o uso de mergulhadores e Veículos Operados Remotamente (ROVs) equipados com sondas de CP, que devem tocar o duto ou estrutura para obter leituras. Embora mergulhadores realizem inspeções manuais, esses métodos são frequentemente lentos, caros e apresentam riscos notáveis à segurança, especialmente em instalações em águas profundas.
Os desafios no monitoramento de sistemas de CP ressaltam a necessidade de tecnologias inovadoras que possam fornecer soluções mais precisas, eficientes e econômicas. O FiGS® representa um grande avanço nessa área, pois oferece maior precisão de dados e eficiência operacional, sem a necessidade de contato físico com as estruturas. Ao contrário dos métodos tradicionais de sondas de CP, o FiGS® de alta sensibilidade mede gradientes de campo elétrico na água do mar ao redor da estrutura. Essa abordagem inovadora permite uma avaliação mais precisa e abrangente do sistema de CP da estrutura, sem a necessidade de mergulhadores ou ROVs para garantir o contato físico.
A vantagem reside na sensibilidade dos sensores, que podem detectar até as menores variações em campos elétricos causadas pelo fluxo de corrente dos ânodos para a superfície metálica. Essa precisão permite que o sistema identifique sinais precoces de problemas, como danos ao revestimento ou taxas inesperadas de desgaste dos ânodos; problemas que poderiam passar despercebidos com métodos convencionais. Ao fornecer um mapeamento detalhado do desempenho do sistema de CP, o FiGS® permite que os operadores abordem proativamente possíveis falhas antes que elas se agravem, aumentando assim a segurança e a longevidade da infraestrutura subsea.
Outro grande atrativo é a eficiência operacional. Inspeções tradicionais podem ser lentas, caras e exigir trabalho manual extenso. Em contraste, as pesquisas com o FiGS® são mais rápidas, cobrindo grandes áreas de forma eficiente com ROVs ou AUVs em velocidades de até 6-8 km/h em dutos. Isso não apenas reduz o tempo de inatividade, mas também minimiza os riscos operacionais, permitindo a coleta de dados a partir de maiores distâncias, mesmo em condições difíceis em águas profundas.
Além disso, a tecnologia é versátil, funcionando efetivamente em vários tipos de dutos, incluindo dutos enterrados, escavados ou depositados em rocha, e se integra perfeitamente com sistemas de rastreamento de dutos. Isso, combinado com a capacidade de fornecer relatórios precisos sobre a saída de corrente dos ânodos, densidade de corrente do aço e expectativa de vida do sistema de CP, garante que as pesquisas com FiGS® possam fornecer dados e insights adicionais.
Considerando as condições operacionais em áreas brasileiras chave conhecidas pela produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas, como a Bacia de Campos, Bacia de Santos e Bacia do Espírito Santo, a tecnologia FiGS® é uma solução inovadora para o setor offshore brasileiro. Embora ainda esteja em introdução na região, vários projetos já foram concluídos no offshore brasileiro.
Um dos projetos foi a pesquisa do status da CP de uma plataforma que deveria passar por extensão de vida e retrofit, pois a vida útil original havia expirado. O FiGS® foi utilizado para determinar a vida restante dos ânodos de CP originalmente instalados. Com a tecnologia do sensor de gradiente de campo de alta sensibilidade, foram possíveis cálculos precisos da saída de corrente dos ânodos e da densidade de corrente da estrutura, o que possibilitou a criação da base de design eficaz para um retrofit otimizado de CP.
Svenn Magne Wigen
Svenn possui Bacharelado em Tecnologia de Materiais e Corrosão e Bacharelado em Engenharia de Construção, e trabalha com design e modelagem de CP e controle de corrosão desde 2001. Atuando em projetos globais, sua experiência abrange design e engenharia de CP, desenhos de fabricação, gerenciamento de projetos, inspeções e supervisão offshore/onshore, gestão de empresas, vendas e marketing. Ele se especializa em aços inoxidáveis e modelagem computacional BEM/FDM, além de ser especialista em CP pela norma EN 15257.